23 de janeiro de 2010

Mania das Listas!


Agora que Janeiro vai calmo aqui fica a minha lista de 13 leituras de BD do pretérito 09 - «Lista culta, educ, procura cavalheiro/senhora para convívio íntimo»:

1. Jacques Tardi e Jean-Pierre Verney Putain de guerre! 1917-1918-1919, Casterman. Os corpos despedaçados em que Tardi insiste são metáfora maior na arte visual contemporânea. Ops, é uma coisa histórica sobre a Primeira Grande Guerra... qual? Todas as respostas aqui, com música e mais.

2. Yoshihiro Tatsumi A drifting life, Drawn & Quaterly Publications. Banda desenhada dita autobiográfica? - tome-se estas oitocentas e cinquenta páginas dez anos dez de trabalho e não falemos mais nisso. Respect!

3. Yoshihiro Tatsumi Good-bye, D & Q Publications. Mais do mestre japonês nunca é demais. Terceiro volume da reedição completa, cobre o período 1971-72.

4. Joe Sacco Footnotes in Gaza, Jonathan Cape. Naquele território onde os buldozeres israelitas praticam onzes-de-setembro dia-sim-dia-não, Sacco percorre os groundes zero, passados e presentes, recriando escombros e terraplanagens, lado a lado com um cortejo de velhas palestinianas que riem. Apesar de já não terem dentes.
Ver também o filme de animação Valsa com Bashir, de Ari Folman.

5. Tommi Musturi Caminhando com Samuel MMMNNNRRRG. Dos gelos da Finlândia chega a saga psicadélica do pequeno gnomo Samuel. É a mais relevante edição de BD produzida em território nacional este ano. Já a seguir comemoram-se os 10 anos da MMMNNNRRRG!!!

6. Steve Ditko Strange Suspense The Steve Ditko Archives vol. 1, Fantagraphics Books. Sim, foi ele um dos perversos destruidores das mentes juvenis da América... Saudemos a liberdade criativa desenfreada. As censuras foi depois....

7. Fletcher Hanks I shall destroy all civilized planets!, Fantagraphics Books. Indeed...

8. v.a. Crack On Ponti Comix Anthology, Edição conjunta Forte Pressa e Chili com Carne. O melhor da BD nacional vem num volume colectivo. Sinal dos tempos. (Sim, dá-se o caso de eu participar - com um trabalho que até me correu bem).

9. Luís Henriques e José Carlos Fernandes A Metrópole Feérica, Tinta da China. Festim visual de arromba, à Henriques. Não gosto do texto.

10. Igor Hofbauer Prison stories MMMNNNRRRG
. A omnipresença das grades não nos desvia de um sentido mais profundo de opressão, num conjunto de historias onde clones de Andy Warhol se cruzam com bifes de baleia, pombos-câmara-de-vigilância, drogas sem sexo e sexo sem rock'n'roll. Uma grande trip negra leste-surrealista!

11. Moore, Bissette e Totleben Saga of the sawmp thing Book one DC Comics. É para quem como eu só tinha lido a versão brasileira, vinte anos atrás, impressões borradas em papel quase transparente (era o que havia e já era muito bom, comprava-se em jornaleiros e transaccionava-se entre amigos como quem anuncia a boa nova, tal como o Ronin, do Frank Miller, ainda se lembram?). Vai envelhecendo bem melhor que os Watchmen ou o Dark Knight.

12. Hugo Pratt Sandokan Le tigre de Malaisie Casterman. Desenhado no início dos anos 70, é menos erotizado, como seria de esperar, que a gloriosa versão televisiva da RAI (salvo erro de 1976). Foi abandonado quando nasceu o Corto Maltês.

13. David Mazzucchelli Asterios Polyp, Pantheon. Desiludiu-me. A milhas do City of Glass. Que falta fazem Paul Auster e Paul Karasik (City of Glass), e vá lá, Frank Miller ( Batman: Year One), para transformar o grande desenhador num grande autor!